Ao meu camarada Rodrigo

Seus zóinhos fecharam.

Fecharam, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, não voltarão a se abrir.

Fecharam, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, não voltarei a admirar o brilho que eles guardavam.

Fecharam, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, eles continuam se fechando e sempre voltam a abrir aqui dentro de mim.

Seu sorriso cessou.                                                         

Cessou, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, não voltará a sorrir.

Cessou, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, não voltarei a admirar como a felicidade e as alegrias do mundo todo podiam caber no pequeno espaço que constantemente existia entre seus lábios.

Cessou, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, ele continua sorrindo pra mim, iluminando meus dias bons e ruins, com essa luz tão linda e tão dele.

Você se foi, camarada.

Se foi, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, não voltará.

Se foi, e por algum motivo que talvez eu nunca entenda, não voltarei a receber aqueles abraços gigantes que comportavam o universo e que ainda assim, simplesmente me comportavam também.

Se foi, e por algum motivo que eu com certeza entendo, você continua em mim.

Você continua em mim, camarada. Em mim e em todos que tiveram o prazer de sentir a energia positiva que emanava de você. Que tiveram a honra de lutar por outra realidade com esse sonhador, revolucionário e amante da vida que você foi. E que continuará sendo, meu amigo. Porque você continua em mim e em todos que amam você. Porque você vive, Rodrigo, dentro de cada um de nós.

Me recuso a te dizer adeus. Basta olhar pra dentro pra te ter aqui.

E isso é lindo. Como você foi, é, e continuará sendo. Infinitamente.